Depois da última grande guerra, o mercado percebeu o rápido crescimento do consumo. O mundo saía de uma grave crise econômica e política para mergulhar na modernidade, na praticidade e na produção de bens que atendessem às exigências da vida moderna. E Henry Ford, um empreendedor determinado e pragmático, era a mais pura expressão dessa tendência. Ele havia desenvolvido a linha de produção que barateava o custo final do produto mas que alienava o trabalhador. Dele se esperava apenas que cumprisse a sua tarefa, sem se preocupar com os objetivos, o significado e a motivação do seu trabalho. Era a produção em massa, que predominou durante algumas décadas e transformou a mão de obra numa massa de trabalhadores que apenas cumpria a sua função. E essa tendência foi muito bem representada pelo filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos. Sugiro que assistam para entender melhor o que afirmo.
Mas a fila anda e os tempos são outros. Depois da globalização e do surgimento da grande rede mundial de informação, não se admite mais trabalhadores alheios à realidade e ao que acontece no seu entorno, em sua comunidade e em todo o mundo. Hoje, os colaboradores do mundo corporativo precisam estar antenados aos fatos do dia e sintonizados com o mercado onde atuam. Antes, trabalhadores deveriam se preocupar apenas com a sua sala, o seu espaço, o seu “quadrado”. Hoje, o trabalhador precisa conhecer um pouco sobre todos os setores da empresa onde atua. E conhecer significa ter uma boa noção, tanto do seu trabalho, como daquele desenvolvido pelos demais setores da empresa, além de conhecer os produtos que ela oferece, as diversas etapas da sua produção e até sobre o mercado consumidor. Não se aceitam mais funcionários “padrão”, que apenas cumprem a sua função e aguardam ansiosos o horário de saída do trabalho.
" Hoje, o trabalhador consciente pensa primeiramente em dar sequência à sua trajetória profissional com sucesso e dá mais valor ao chamado plano de carreira.. "
Além disso, é importante destacar uma importante característica do novo colaborador: ele está mais preocupado com o plano de carreira do que com a remuneração! Sim, pode parecer estranho, porque antes o trabalhador procurava apenas aumentar a sua remuneração, que era dilapidada pela inflação diária, freada pelo sucesso do Plano Real. Hoje, o trabalhador consciente pensa primeiramente em dar sequência à sua trajetória profissional com sucesso e dá mais valor ao chamado plano de carreira, que envolve, além da remuneração justa, é claro, a continuidade dos seus estudos, o seu aperfeiçomento profissional, o estudo de línguas - fundamental na globalização - bem como a segurança da continuidade do emprego, estipulado por um contrato de trabalho bem feito, entre outros benefícios. O trabalhador consciente vê, até em um segundo plano, a remuneração, e pode, muitas vezes, dar preferência a uma oferta de trabalho como remuneração menor de uma empresa que lhe ofereça um plano de carreira vantajoso. Prof. Waldemar Ciglioni